Americanos na Europa I

Metade da minha classe é composta de americanas (outra hora falo mais da escola).   A  outra metade sou eu, uma japonesa que quase não fala e uma canadense que fala menos ainda. Essa introdução é necessária para comentar os próximos acontecimentos.

Apesar de estar fora de casa, a cultura francesa também é latina, e em muitos aspectos é bem mais parecida com a brasileira do que com a americana, como por exemplo na falta do politicamente correto.

Quem me conhece sabe que gosto do estilo de vida e cultura dos americanos, não os considero um povo babaca e até defendo a forma que eles se comportam. Mas tavez seja só porque morei na casa deles. Olha, tô começando a repensar os meus conceitos:

CASO 1 – Acho meio difícil um turista em Paris não ter ideia do que seja a “Galeries Lafayette”, um dos maiores templos de compras do mundo, essa barbaridade aí da foto distribuída em 3 prédios diferentes que juntos devem ocupar um quarteirão inteiro. Equivalente a estar em Roma e não saber que o Papa mora lá.  Então, mas se fosse um açougue daria na mesma pra uma das minhas colegas, que já está no curso há 15 dias. Sim, ela perguntou se Galeries Lafayette era nome de algum mercado pra comprar sei lá, baguetes. Ainda não consegui encontrar nenhuma justificativa para essa ignorância.

CASO 2 – Um dos exercícios em classe hoje foi imaginar todo o tipo de ação que acontece em determinados lugares. Na rua, por exemplo, você  pode dirigir seu carro, andar de bicicleta, caminhar….COMO ASSIM CAMINHAR NA RUA?????? ISSO É PERIGOSO, E OS CARROS!?????!!!!

Depois dessa eu devia saber que dar o exemplo “jogar bola na rua”seria uma polêmica dos infernos. Mas lenha na fogueira é legal e eu gosto. A professora gastou uns 5 minutos explicando e DESENHANDO NO QUADRO, pra entenderem que existem lugares no mundo onde jogar bola na rua é perfeitamente normal e aceitável. Nas pequenas cidades da França, por exemplo. Coitada da professora, se eu não estivesse lá as aulas dela seriam mais tranquilas.

CASO 3 – Aula sobre tradições culturais: no Natal, junto com o “Père Nöel”, que distribui presentes para as crianças boas blablabla, aqui na França vai o “Père Fouettard”, distribuindo bordoadas para as crianças más.  Eu curti, mas claro que só eu.

Não bastasse o assombro que a existência do Père Fouttard causou, sai essa imagem no Google:

O Père bom e o Père ruim.

Pronto, além de traumatizar criancinhas a França também é racista.

Novamente lá vou eu apaziguar a situação, desta vez contando sobre a bonita e centenária tradição que as mães brasileiras contam  para seus filhos:  o homem do saco.

Para terminar a aula num clima alto astral, contei em detalhes a tradição pascalina de malhar o Judas e jogar na fogueira, frisando que é uma alegre tradição infantil.

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6 opiniões sobre “Americanos na Europa I

  1. Kkkkk chorei aqui!

  2. Jacqueline

    Continuo adorando seu blog. Mas, cá entre nós, acho que falta um pouco de senso de humor aos americanos, Ao menos não conseguem captá-lo em outra língua. Eu tinha uma aluna americana que estava fazendo intercâmbio e caiu bem nas minhas garras. Brincava com ela, fazia comparações, mencionava os artistas hollywoodianos e nada, nem um sorrisinho. No entanto, fico pensando se não damos sempre essa impressão aos nativos quando não entendemos bem o que eles falam. Bom, ao menos nós sorrimos e, como você, tentamos ver o lado divertido do que é proposto.

    • Jacque, eu morei bastante tempo nos EUA (6 anos), e muitos americanos que eu conheci não faziam a menor questão de sair de lá nem nas férias, afinal “já estavam no melhor pais do mundo, porque conhecer outro”? Os que se interessam em conhecer o mundo já eram mais cabeça aberta. Mas vendo-os fora da zona de conforto deu a impressão que a maioria não consegue enxergar algo pelo que ele é, mas apenas com as lentes de “nos USA é assim e assado, por que aqui não é?”, e os preconceitos acabam falando bem alto. Isso considerando que os americanos que me surpreenderam negativamente eram pessoas com boa formação, profissional de saúde, advogado, etc. Mas meia dúzia deles ainda me surpreendeu positivamente no meio da babaquice.

  3. putz! essa galera ia mandar prender minha mãe!

    e como faz pra contratar esse père fouettard?

  4. jito

    alegre tradição infantil é sensacional, hahahahaha

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