Indo pra lá e pra cá –

Sempre achei super romântica aquela coisa dos filmes de “se perder pelas ruas de Paris”, pois descobri que não precisa muito esforço. É só botar o pé na rua sem um mapa que invariavelmente você vai se perder. O que não é uma coisa ruim, muito pelo contrário, desde que você se mantenha dentro das áreas mais seguras. Mas como saber se a área é segura se você está perdido? Santa contradição, Batman!

Foi me perdendo que eu encontrei a Passages de Panoramas, uma das primeiras galerias cobertas do mundo, cheia de lojinhas curiosas e inusitadas ..

 A pé – Mesmo com bolhas no pé, caminhar fica em 1° no ranking de como ir de lá pra cá. Já devo ter falado isso em algum lugar, mas enquanto algumas cidades arrumam a sala pras visitas, Paris arrumou a casa inteirinha pelo prazer de viver nela, e deixa as visitas verem tudo. Significa que ao invés de ficar apenas no circuito turisticão “Torre Eiffel – Louvre -Notre Dame – Arco do Triunfo”, escapar das áreas apinhadas para as ruas onde os parisienses vivem de verdade vai te render muitas boas surpresas. Inúmeras.

… como esta que só vende casas de boneca.

São lojinhas que pararam no tempo, vitrines curiosas, flores, muitas flores nas janelas dos prédios, crianças correndo e o ocasional baguete embaixo do braço. Se você for um pouco como eu vai gostar tanto que vai preferir trocar as longas filas das atrações mais visitadas por mais tempo revirando os cantos da cidade.

Custo: ZERO EUROS,  e se você cansar, com certeza tem uma estação de metrô pertinho, ou  ônibus, ou um ponto de…

Apesar da elegância e semelhança óbvias, essa não sou eu.

VELIBS – eu que morro de medo de sair de bicicleta na rua em São Paulo, e admiro a coragem dos que encaram isso, caí de amores pelas bicicletas públicas de Paris e ia pra todo o canto com elas. Como tudo na França, é confuso e eu precisei de um tutorial de um amigo britânico pra começar.  Mas como você vai aprender  aqui pelo blog, quando chegar lá vai se virar como um legítimo francês e ninguém nem vai notar a diferença. Mesmo se você não for uma pessoa atlética que encara desafios físicos como eu COF COF,  vale a pena pegar pra dar uma voltinha. Isso se você não for besta de tentar subir o morro que vai até Montmartre pra ver a Sacre Couer de bicicleta, porque se fizer isso você vai morrer.  Mas pedalar ao longo do Sena é gostoso,  a vista é linda e é plano, não dá nem pra cansar.

Não repare a perna curta tentando se equilibrar.

A não ser que você seja residente e use o passe anual, há duas opções: o passe de 1 dia (€1,70 ) ou 7 dias (€8,00). Ele vale 24 horas (ou 7 dias né) a partir do primeiro uso, e a primeira meia hora é gratuita. Ou seja, você pode passar o dia todo de bike pagando apenas €1,70, desde que lembre de  trocar a bicicleta antes que complete meia hora. A parte chata é que no nosso caso de turista só dá pra comprar com cartão de crédito internacional, ou não tem como cobrar as horas que você usa.  Se usar a mais paga assim:

As velibs estão pela cidade toda, dá até pra instalar um aplicativo no celular que te mostra onde fica o ponto mais próximo. Elas ficam todas assim enfileiradinhas bonitinhas, é só passar o cartão de crédito ou o passe no totem, escolher o número e tirar a magrela. Complicadinho e bonitinho como tudo que é francês, como sempre, mas rodar a cidade com uma duas rodas charmosinha dessas compensa o trabalho de descobrir como funciona.

E como os parisienses gostam de bicicletas! É muita gente linda e estilosa nas ruas com suas bikes pra cá e pra lá, francesas chiquérrimas de salto alto nem um pouco intimidadas pedalando. Fiquei de boca aberta quando passou por mim uma senhora de uns 70 anos, toda elegante de terninho pied de poule e écharpe, cabelinho chanel impecável e flores na cestinha. Babei. Outro dia desses vi uma mulher aqui em SP, em Moema, toda linda de bike e salto, e fiquei torcendo pra moda chegar aqui um dia. Quem sabe, depois que aprenderem a parar de matar ciclista atropelado, né?

Encontrei essa foto da Jessica Alba aqui e morri .

Mas nas horas em que não dá pra ir a pé ou de bike tem o

Metrô –  Paris tem o sistema que São Paulo devia ter, é literalmente  uma rede onde as linhas se entrelaçam e basicamente você sai de qualquer ponto e chega em qualquer ponto com no máximo 2 conexões, e tem opções de conexões diferentes se por algum motivo a linha está com pane, o trem quebrou,  etc. E exatamente por esta razão não é surpresa que várias pessoas ficam catatônicas a primeira vez que dão de cara com ESTE MAPA

(Calma, essa é a versão resumida. O que você pega na estação tem ainda o mapa dos ônibus e do transporte madrugador.)

Rapidinho você se acostuma que tudo é meio confuso mesmo.  Se quiser moleza tem,  uma vez vi um grupo passeando da forma que deve ser a mais fácil do mundo:  passou um busão da CVC por mim, cheio de brasileiros indo só onde o guia quer levar. SOCORRO. Deixa que eu me viro.

O que assusta a princípio se torna seu melhor aliado, e você nunca mais sai de casa sem aquele santo mapinha no bolso. Troquei o meu umas 3 vezes de tão surrado que ele ficava.

Quem vai ficar mais tempo e tem alguma razão pra andar frequentemente de metrô, como no meu caso que tinha que ir pra escola todo dia, vale a pena comprar o PASSE NAVIGO (pronuncia navigô, não vá dar uma de brasileirão e falar navígo).

Antes de sair daqui li alguns blogs que afirmavam que esse passe serve só pra quem é residente, que você tem que provar com documentos, que é impossível e tal.   BA-LE-LA. A única diferença é que os residentes não pagam os 5 euros que custa o plastiquinho. A  foto é obrigatória, então leve uma 3×4 daqui, é muita mancada gastar seus preciosos eurinhos pra tirar foto lá.

Muita emoção meu primeiro documento europeu escrito a mão em letra torta porque não fiz caligrafia suficiente na escola

Depois que você compra o cartão vai escolher se carrega por semana, que vai se segunda a domingo, ou por mês, mas prestenção que o mês não conta a partir da compra ou do primeiro uso, como nos velibs, mas da PRIMEIRA SEGUNDA FEIRA DO MÊS. Por culpa desse sistema jacu fui obrigada a recarregar o meu cartão toda semana, porque cheguei lá no dia 24. Apesar dessa confusão a compra foi tranquila. Só chegar no guichê e falar “Bonjour, un páss navigô sí vú plê” e tá pronto. Vão pegar sua foto, tacar Cola Prit nela e enfiar na capinha plástica.

A máquina de recarga é parecida com um banco 24 horas, mas tem uma ROLETA que você vai girando pra chegar na opção que você quer

Depois de decidir se vai ser semanal ou mensal, você tem que decidir em que zonas de Paris vai usar. E a não ser que você fique hospedado muito longe nem pense duas vezes e compre direto a zona 1, que custa €17,20 por semana ou €56,80 por mês. Não vale a pena comprar o passe mais caro se sua intenção é usá-lo ocasionalmente, para visitar Versalhes ou alguma cidadezinha próxima, é melhor comprar um ticket individual nesse dia. Enfim, NAVIGO é ótimo se você vai ficar mais tempo, caso contrário compre só o bilhete individual que fica mais em conta. ( A Amanda, do Petit Journal de la Porte Dorée , lembrou que se for pra comprar o passe individual, faça a conta de quantas vezes vai usar e compre o carnet com 10 que vale mais.)

Andei tão pouco de ônibus que nem tenho muita opinião a respeito, a vantagem é que você vai vendo a paisagem e o NAVIGO serve lá também. E foi o que me salvou pra voltar pra casa as 3 da manhã sozinha na Nuit Blanche (assunto em outro post), quando eu achei que aguentaria ver arte até o sol raiar, como manda a tradição, mas bati em retirada antes. Metrôs fecham a meia noite, e eu só sabia chegar em casa de metrô. Mas meu super mapinha tinha as linhas madrugueiras e cheguei em casa inteira. Assunto pra outro post.

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11 opiniões sobre “Indo pra lá e pra cá –

  1. Pingback: Comendo bem e barato « surtando em francês

  2. Jacqueline

    Se perder em Paris não é fácil. É tudo muito bem sinalizado. Fácil é se perder em Londres à noite mesmo com mapa na mão. Em 4 dias, nos perdemos 3 vezes e caminhamos até não conseguir mais levantar os pés. Descobri, já em casa, que as placas de rua ficam na altura das janelas do segundo andar e não dá mesmo para enxergar no escuro. Perguntava num inglês que eles pareciam entender sem susto, mas as explicações eram tantas que me perdia e cheguei à conclusão que o inglês que sai da minha boca não é absolutamente a mesma língua que entra por meus ouvidos. Com o francês consegui bater bons papos. Principalmente com os imigrantes hehe…

  3. Jacqueline

    Eu só comprava o carnê de 10 tickets. O danado foram as vezes em que peguei a linha ao contrário e ia parar na última estação e retornava. Mas até isso valeu, pois o trenzinho subia para a superfície e deu para conhecer outras paisagens. Agora aprendi para a próxima. Qto às bikes, não me atrevi. Uma por ter sofrido um tremendo acidente de bike, outra por não ter entendido até hoje esses pagamentos. 1,70 por dia, mas e isso de primeira meia hora grátis e depois 1 euro, 2 euros, 4 euros por adicionais. tisk tisk meu cérebro implodiu, acho.

  4. Gente, eu falei da Luci e ela tinha aparecido aqui antes de mim? Viu só, Lizzie, o blog dela é ótimo. Então vc tbm foi vítima da sindrome do regresso? Fico feliz que já esteja mais em casa, mesmo que tenha demorado seis anos. Acho que eu nem vou ter tempo de me readaptar, pois não pretendo ficar no Rio por muito tempo… Beijo!

  5. Ótimo post, ótimo senso de humor! Teu estilo é bem parecido com o da Luci, do Caso me esqueçam, conhece? Só uma coisinha: se for pra comprar bilhete individual, o melhor é comprar o carnet de 10, que fica bem mais em conta! Beijo!

    • Amanda, valeu pela lembrança do carnet, vou editar essa informação lá. Não conheço o blog da Luci, vou procurar!
      E agora me dei conta quem você é, seu blog estava nos meus favoritos e quando troquei de laptop perdi tudo. Que honra você por aqui!

  6. post de utilidade publica, realmente! aqui em lyon, eu pego um velov em dois segundos. fui em paris e a realidade é outra! nunca suei tanto na minha vida em frente a uma maquina. o mesmo em frente aos mapas da cidade: “pra onde vou? alias, onde estou? quem sou eu?” é complexo. 😦

    • Luci, poucas vezes me senti tão impotente quanto na vez que fui encarar o velib! Tava quase pedindo pra parar a explicação porque eu tinha que ir ali comprar um caderno pra anotar tudo, socorro! A Amanda falou que meu estilo é bem parecido com o seu, visse? Mentira, você é muito melhor! Tô lendo seu blog e passando mal de tanto rir! É tanta contração do estômago que até a cólica tá passando, thanks!

  7. Anônimo

    Infelizmente, acho que aqui não tem como pegar essa coisa de madame de bicicleta. Uma que somos subdesenvolvidos e adoramos motorizar nossa baixa autoestima. Mas, principalmente, pq com o calor que faz aqui, não há elegância que se resista à pessoa suando em bicas.

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